Pandemia: crianças em casa, barulho e vizinhos

Depois de um hiato de 5 meses, volto a escrever aqui. Dessa vez para fazer uma espécie de desabafo.

No ano passado um vizinho novo se mudou para o apartamento embaixo do nosso. Desde então, frequentemente, o cidadão tem feito reclamações sobre os barulhos das nossas crianças e isso tem me deixado muito chateado (para usar uma palavra bonitinha).

Moramos no mesmo apartamento há 8 anos e nunca tivemos nenhuma reclamação de vizinho nenhum. Pelo contrário, nos damos bem com todos e, como no nosso bloco há vários idosos, sempre nos preocupamos em ensinar as crianças a respeitarem os limites de altura e horário para os barulhos. Mas o nosso novo vizinho parece se incomodar mais do que o normal. Além de ligar para a portaria para reclamar, já aconteceu de, ele mesmo interfonar duas vezes para o nosso apartamento e ser extremamente grosseiro. Além disso, ele nos acusa de fazer barulhos que não são nossos, como arrastar móveis tarde da noite, por exemplo.

A situação é toda muito desagradável. A gente se sente mal o tempo todo, preocupado se não está se excedendo no volume e até as crianças chegaram a se auto policiar e evitar certas brincadeiras, mesmo sem fazer barulho. Foi preciso muita conversa entre mim e a Camila para chegarmos numa forma saudável de gerir isso e comunicar às crianças para que elas não se sentissem culpadas demais.

Esse ano, até o carnaval foi na sala de casa. Tem como não fazer um pouquinho de barulho?
Esse ano, até o carnaval foi na sala de casa. Tem como não fazer um pouquinho de barulho?


Mas, tem barulho?

Claro que tem. Afinal, são 3 crianças dentro de um apartamento (e não estamos falando de um apartamento grande), desde março do ano passado. Mas existem duas coisas que precisam ser levadas em conta: os episódios de barulhos realmente exagerados (tipo, quando os três resolvem gritar e pular ao mesmo tempo) foram muito raros. Talvez umas três ou quarto vezes ao longo desse ano todo. E, segundo, nunca foi após as 21 horas. Aqui em casa temos uma rotina de encerrar as atividades agitadas lá pras 8 da noite... então, às 9 já está todo mundo ou dormindo, ou no quarto, para dormir, com raras exceções como uma noite de pizza ou de filme.

Uma outra coisa que precisa entrar na conta é que eu e a Camila somos pais que trabalham fora e temos feito todos os malabarismos possíveis para manter as crianças em casa, saudáveis, felizes e preservando o isolamento, por causa da pandemia. Infelizmente, e isso é um problema, por conta dos nossos horários de trabalho, não temos conseguido proporcionar muitos momentos ao ar livre ultimamente para eles. Seria uma boa oportunidade para eles correrem, gritarem, pularem e gastarem a energia que pode estar incomodando o nosso mal humorado vizinho.

Junte-se a isso dois problemas: a pouco flexibilidade de horários que temos em nossos empregos e a condição dos espaços públicos da nossa cidade. A pandemia não trouxe mudanças nesses espaços. É difícil conseguirmos horários em que a atividade ao ar livre não esteja sujeita a um grande fluxo de pessoas (e essas pessoas muitas vezes levam os filhos para praças e parquinhos sem máscaras, sem distanciamento, nem nada). 

E, por último, tem o fator humano que é a falta de compreensão das pessoas. Ou de algumas delas, já que os nossos outros vizinhos dizem que nem escutam barulho nenhum das nossas crianças. Mas, se nossas crianças estão em casa e fazendo um pouco mais de barulho é porque temos consciência e estamos tentando mantê-las longe de áreas compartilhadas onde o vírus pode se propagar. Não estamos errados por isso.

Se você tem filhos em casa e passa por situações como essa, compartilha com a gente a sua história nos comentários. Vamos adorar conhecer.

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